segunda-feira, 23 de maio de 2016

Maré de vento


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Que seja mar apenas!
Que não seja mais nada, nem seja
dor, nem seja poema. Que as 
próprias palavras se percam
em meu coração sem vida.
Que seja mar. Que seja o
vento percorrendo o teu corpo
nu como uma agulha, lento
como uma colher. Que seja mar
e que mais nada seja. Que nem
desejo seja mais. Que não seja amor.
Que nem saudade seja dentro
dessa maré de vento, nesse frio
sem cor, nesse fogo sem neve.
Que seja espuma engolindo terra.
Que seja navio se rachando ao
cantar imóvel do vento...

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