Mais não entendem que eu
morri.
Que eu nunca vivi, que eu
nunca deixei de ser nuvem
pétala pedra de meio caminho?
Não, não entendem que eu
sempre vivi atravessado
de ferrugem óleo eletricidade.
Nunca entenderam.
Não entendem por que não
são nem vida nem morte,
não são mariposas nem são
seres marinhos.
Não entendem
por que estão sós sem fogo e sem gelo.
Conto cada tigre, cada estrela, cada flor,
conto cada musa, cada nota de dinheiro,
cada gota de água que transborda em forma
de suor.
Não não entendem que eu
morri.
Que eu nunca fui, que nunca
me tiveram preso, nunca me
amaldiçoaram, nem me abençoaram.
Nunca me prenderam
em congregações em partidos políticos
em sonhos em desejos.
Eu nunca fui menos do que um cajado.
Fiquei no meio do caminho
esperando acontecer o imóvel.
O mar passou por mim, a vida passou por mim.
Não sobrou nada.
Por isso sou feliz!
Nenhum comentário:
Postar um comentário