segunda-feira, 23 de maio de 2016

Enigma


...
Eu não tenho mãos, eu não tenho olhos,
eu não tenho chuva nem mar, eu não tenho
engrenagens que necessitam de óleo.
Eu não tenho meta, não tenho caminho,
sou uma máquina emperrada, parada.
Quando me viram no meio do asfalto
eu não estava morto, eu não estava vivo.
Eu era meio a meio a tudo.
Eu estava camuflado dentro
da esfera azulada desse mundo.
Que susto! Que assunto!
Ninguém mastigou minhas palavras camponesas.
Ninguém abriu as portas azuladas do coração
para minhas penas geladas de suor.
Eu não tenho mãos, eu não tenho olhos,
eu caminho como um ser sem identidade.
Meu nome é agora, meu nome é futuro.
Não deixem a janela do destino
aberta para os suspiros inconclusivos do mar.
Que as gaivotas pousem minhas mãos azuladas,
que em meus olhos chuvas de lágrimas
possam se transformar em um paraíso.
De resto, deixem meu coração se desenferrujar.

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