E nas madrugadas frias
eu te lia, aprendendo
no vento, no ar, na chuva
tua voz de morno rio lento.
Porquê? Porque o
amor, Neruda, meu camarada,
jorra de poema em poema.
Pergunta-o aí, nesse oceano
de mortos; pergunta a Lorca,
a Rimbaud, a Góngora, a Cabral
o que a poesia
significa para a morte.
Não, Neruda, meu irmão
chileno: perdoa-me
porque sou falho;
perdoa-me porque
sou marinho
não terrestre.
Aqui mesmo nesse
falso litoral de cor verde
vejo a companhia
das tuas palavras
de metal.
Prometo lê-las na luz da tempestade... Prometo.
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