sexta-feira, 13 de abril de 2018

Visita da solidão escancarada



Asas de querubins
 pelo portão esverdeado,
olhos de estrelas cegas,
mãos de tijolos queimados.

O muro que nos separa
é uma corrente de ferro
onde repousam
rosas e fantasmas
                         sem alma.

A porta é um vaso
arremessado do jardim do éden
e as flores que choram
consola a nudez das nuvens.

Carros sem gasolina
suspiram pela pálida
                         ferrugem,

e um diamante

é um coração abatido,
sem favores.

Enigmas caem do céu
como maná,
pão celeste sem dores,
e a angústia fere o mel das
                                           flores.

Delicadamente a visita
vislumbra o sofá das almas
e conta causos e contos
tristes e engraçados.

Por fim o texto escrito
cicatriza a situação.
E anjos pálidos 
sobem do jardim
                  sem asas com nove mãos.

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