(poema composto em uma noite sem mar)
Navio, adeus navio, distante navio,
afastado da terra, tão perto do mar,
noturno objeto, figura de baleia,
alma do tubarão escorregando
entre o sangue e as algas,
profundo objeto dos distantes
envolvimentos da alma, objeto
que segue nas direções do mapa.
Navio, tenebroso navio, figura
da amizade que se parte,
o vento te corta como espadas
enquanto serafins sem asas
te rodeia por sua lataria recém-pintada.
Navio, tão perigoso, colhedor do milho do mar,
poderoso em salgar as águas, procriador de distancias,
assobiador de terremotos,
me lembra em certos momentos
as barbas brancas de Walt Whitman
mergulhada no oceano.
Navio, desperdício da vida,
tumba afogada de guerras esquecidas,
navio, lento, navio suave, navio tenebroso.
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