terça-feira, 24 de abril de 2018

Sinistros versos



Falhados versos presos
ao meu coração e a minha garganta
surgem enquanto a noite chora
suas lágrimas e suas foices de estrelas.

Levando as donzelas o rio geme sua canção
enquanto pequenos insetos continuam
sua chamada errante pela terra.

Penso que ao colocar no papel
o meu gemido em forma de relampago
irá chegar um navio, embalsamado
de fantasmas e lembranças.

Penso... e pensar me dá câimbras.

Vou levando o meu passo
errante de eterno semita preso
aos bárbaros sem pressa,
e me calo mudo pela morte
cheia de arenas e flechas.

Me deixaram imóvel
nessa cidade maldita.
E enquanto os meus olhos
se perderam em nublados 
momentos de chuva, fui ver
o seu rosto, que estava fadado
a ser o meu escudo inútil...

Não tem pressa, nem amargura,
tenho apenas no peito os versos
que compreendem
o significado da loucura. 

Por isso minhas mãos respiram
o limão e a laranja 
e as flores sentem os meus versos
com bafos de morte
e dores lentas.

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