Se as coisas são
o que sempre são,
sei que posso te perder no
fio eterno e azul do mar,
quando os seus olhos de
manhã me escurecem sem
a luz do sol, imóvel e duro porto.
Preciso te esquecer,
porque o esquecimento é o único perdão.
Preciso te esquecer,
se eu quero morrer puro como algodão
nessas ondas, pálidas, noturnas,
e me afogar com os peixes
e contar aos pássaros do oceano
minhas estrofes de pelicano narigudo.
Preciso te esquecer.
E quanto mais escuto sua voz
presa no espelho do tempo,
choro lágrimas de caracol
e coloco o meu coração de
vidro para te refletir nesse por-de-sol
tão pálido,
tão duro,
onde a morte me encontra
como água salgada,
onde o amor não durou um segundo,
onde não existe saudade,
nem existe mais palavras.
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