quinta-feira, 26 de abril de 2018

Me lembrando de você




Longas tranças de mel
na boca coroada de estrelas,
sóis e margaridas nos peitos
duros de longas tetas,
metálica voz morena nos seus
cabelos tão escuros de luas negras,
mas o outono preferiu te tingir a pele
de branco porque a neve dos serafins
era vermelha em tua silhueta ou buceta.
Me perdi nos lábios puros quando te conheci,
e mesmo que os labirintos das casas vazias
e tornavam minha alma com gemidos longos
eu toquei suas nádegas como amoras e pude
entender o delírio dos figos a beira do rio dos mortos.
Mas não te ouvi chamando o meu nome nos bosques,
nem vi suas mãos apalpando os meus
lábios como seios e minhas angustias como travesseiros.
E quando eu quis entender
o do por quê de ter me deixado triste
e vazio e largado como um querubim de
petróleo amargo, vi sua face, seu rosto dourado
querendo a transparência da lua, pedindo,
mendigando outra coisa que não fosse alface.

Então entendi que os nossos caminhos
seriam afastados pelas palavras doces de Cristo.
E quis coroar sua face
com abelhas e outros animais
que devotavam minha longa aversão:
o cavalo de sabres e espadas longas
o touro feito de sangue e a gata feita de manteiga.

E quando eu delirei essas coisas
na ardente febre da existência,
suas mãos me pescaram como petróleo,
e nas lágrimas da bíblia te recitei o alcorão
de de cor, 

porque sabias que o meu sangue era
muçulmano, e sabias que minha terra
era do outro lado do teu jardim,
da plantação da tua alma,
do teu sagrado lírio, da tua benção.

E quanto mais eu gritava o seu nome
no jardim do amor, mais eu era empurrado
pela porta,
e ouvia a voz dos desesperados
que mandavam-me desaparecer
pelas esquinas, pelos bosques,
onde eu via a inveja e a solidão,
onde eu encontrava as folhas,
onde eu estava com os fantasmas
em cima dos muros.

E de eternidade eu ria
zombando das colheitas e dos pecadores.
 E ia entendendo o naufragio
do seu coração em meu iceberg,
e desesperado quebrei o meu espelho
e esmurrei a minha cara,
só para entender a metafísica
da imagem e semelhança de Deus;

e pude provar do seu amor
quando as nuvens doces e frias
cairão de suas tetas para a minha
boca, onde amarguei a solidão
e suspirei versos como um louco,
louco, essa palavra inspiradora de temor.

Foi aí então que vi
que não estavas ao meu lado,
foi então que percebi
que eras menos do que uma lembrança,
e suspirei por suas coxas liricas,
alvas e brancas como as mariposas.



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