sábado, 2 de dezembro de 2017

Poesia


Das coisas naturais
que vemos nas terras
duas são claras como a água:
os animais presos atrás das jaulas
nos zoológicos
e os seres racionais que andam
pela terra presos ao um globo
cercado de águas e de um cosmo
denso e escuro.
Tudo isso poderia gerar o caos
mais eloquente que moveria a
poesia como a cauda de um
pavão azulado, feminino: chamando
a atenção pela beleza, o macho (ou
é a fêmea?) se atirando no amor.
Pavão. Fênix que não vira cinza.
Agora olhemos as coisas mais
naturais ainda: os banqueiros
sossegados, com o dinheiro dos
impostos roubados, os ricos
sossegados, roubando os pobres
desesperados, e os pobres, coitados,
socados, socados, socados.
Olhemos mais para dentro:
de cima podemos ver a lua
com a mesma prateação que
a colher. Ambas as coisas são
naturais, porque assim quis Deus.
E assim o foi.
Moisés guiou o povo pelo
deserto por quarenta anos.
E que povinho mais incrível.
Com maná, reclamaram,
com água, reclamaram,
com promessas, reclamaram.
Por fim tenho a suprema confirmação:
somos a imagem e semelhança
da reclamação.
Vejamos mais para dentro:
dois hipopótamos na água,
abrindo a boca, querendo abarcar
(como, assim diz a bíblia), o rio Jordão.
Duas panteras negras, alguns tigres.
Ai, Campinas, que cidade linda.
Por enquanto isso requer confirmação.
Quando aprendermos o que é poesia,
além dos cadernos de anotação,
iremos ver que a solidão e a alegria
se dão a mão. Porém, existem ideias,
como Einstein diria: além da nossa
compreensão existe uma suprema mão.
Eu digo mais ainda: que especialista nenhum
conseguiu me definir o que é a tal dita poesia.
Que horrível confirmação.

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