Até aqui cheguei, onde não estavas, onde eu não estive, onde luas de pratas e sóis de cogumelos vagavam
lentos como as lesmas, desamparados de morte
como os caramujos esmagados pela falta de atenção.
Até aqui cheguei, cheio de terra, transpassado de mar,
noturno, com os olhos inchados, com a alma em lamentos,
cheguei e você não estava aqui, nem o tempo frio,
nem as lentes velozes dos olhos esmorecidos.
Até aqui cheguei dentro da linha do tempo selvagem,
cortante, escrevendo e respirando como os peixes,
tentando abarcar a terra, o mar, o céu, as plumas.
Nada disso fazia sentido para a alma delirante,
cheio de remédios, sonetos, carros, vozes aquecidas pela
solidão, pela multidão que grita coisas incomunicáveis.
E assim a brisa me aconselhou a ser menos mar,
menos terra, a ser menos metal, menos conselhos,
me aconselhou a ser menos sábio, a ser menos poeta.
E por fim cheguei a te encontrar.
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