terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Olhares trocados


Em uma centena de multidão,
quanta gente apressada, desesperada.
Passo por você levando uma tábua.
Você me olha com leve expressão.
O que carrega ela no vestido?
Prédios, carros, pássaros enjaulados.
Suspeito que leve a paixão do seu lado.
Mas isso não é afirmativo.
Nossos olhares trocados
pareciam neve sendo derretida de leve.
Lá vem você dizendo que é besteira
se apaixonar sem saber o nome da borboleta.
Esses cabelos são loiros? São negros?
Parece que o futuro depende dele.
Leio em seus olhos algum poema que fiz.
O dia está claro. E bem quente.
As calçadas são péssimas,
não foram pavimentadas corretamente.
As ruas esburacadas quando viu nosso olhares trocados
choram, sorriem, cantam e gemem.
Não disseram o seu nome, nem o meu,
não por timidez ou outra idiotice qualquer.
Não podemos nos apaixonar por um movimento
de paixão leve e qualquer.
Por isso o meu chapéu de metáforas
estendi no meio da rua, só para vê-la passar.
Quanta fumaça de azul-néon nesse céu.
Você não viu porque estava admirando o meu chapéu.
Por fim voltamos pelo mesmo caminho.
Mulheres, homens, crianças de colinho.
Do outro lado ela vai com um vestido estranho.
Preto, e branco. E meus olhos a acompanham.

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