Natal, natal esquecido, erva, erva esquecida,
no meio dos sinos e dos lustres,
nos prédios grandes, nos olhos,
vejo uma pequena estrela simbolizando morte.
A vida está distante.
Natal, natal esquecido que passou em sombra.
A chuva cai, pelas lajes, pelo cimento,
os prédios gemem, as vozes são do rio,
as coroas dos reis são o martírio de Jesus,
as falhas dos outros são as nossas falhas.
O amor, esse grande vidro, desaguou na
carne, na linguiça, na fome mundial.
Espero o comercial e começo a ver
os espaços, as danças, as luzes.
As mesmas luzes que deram
ao meu espírito um pequeno sofrimento.
Enquanto eu carregado de loucura
ia subindo, subindo pelo céu
carregado de querubins com rostos de
Lutero.
Donde vens, natal abandonado,
natal que passou pelos olhos, pelas bocas,
pelos orifícios impronunciados pelos cultos tímidos,
em plena festividade.
Passou é claro como o sonho,
enquanto dois divertiam-se dois choraram,
vejamos o trigo, a raiz, o lodo,
o formigueiro consumido pela
falta de exegese humana.
E qual é a qualidade desse dia
que passa como qualquer dia
e se comemora com grande
alegria? Não dizia os antigos
profetas de israel: todos os dias
são os mesmos perante os olhos do Senhor.
Ou sou eu quem diz essas coisas sem ler o talmud?
Afinal, a natureza é horrível. E não nos ensina nada.
Podemos fechar os olhos
e respirar com lentidão.
Marretem o ano-novo,
o natal passou, o fogo se apagou,
a chuva deu lugar ao arco-íris de Noé.
Uma pesquisa irá revelar verdades.
Verdades são mais profundas que insonias.
Felicidades.
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