pensamentos brutos, brutas linguagens,
amor acabados, terremotos começados
nas profundezas dos abismos aquáticos.
Seria esse o delírio necessário para o amor
e o suspiro brotarem de dentro de uma
folha qualquer, de um sonho pálido de
ossos, queimadura, asas cinzentas de
pequenos crustáceos adormecidos no
bosque sonolento da existência amarela?
Ó, eu dormi, acordei cheio de pensamentos
ocultos, revelando de dentro de mim
uma montanha dourada de abismos,
de versos, de pequenos calabouços
metafóricos que me devoraram a
espinha dorsal, a alma lambuzada de
amores cinzentos, de estrelas frias, de
esqueletos amaldiçoados pelo tempo,
por covas rasas empilhadas em meus
delírios ocultos, em minhas cartas
apaixonadas, queimadas e ocultas
pelo próprio tempo decifrador de
desejos rasos e de mágoas sinceras...
Feridas indesejáveis, cruzes religiosas,
budas suntuosos, sorrisos duvidosos,
tudo isso suspendendo as marés
que se povoam de seres, raças, línguas,
desejos, idiomas indecifráveis dentro
das espumas que se perdem no colírio
aterrorizante dos pequenos e imensos
seres das águas profundas do mar imenso.
Adormecido como qualquer um e
como qualquer um desejoso de ter
o que não se pode ter, possuir o que
não pode possuir: estrelas, seios, flores,
anseios, nuvens, pássaros, nações, estradas.
Adormecido dentro da tempestade me escapa
e a canção silenciosamente vai se encerrando
como uma porta sendo destrancada!
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