na tristeza do orvalho.
Apagaram-me no tempo,
agora sou um aquário.
Perdendo as horas
vou avistando as nuvens,
as lágrimas não me descem
porque não há lágrimas
nem desesperos pardos.
Os pardais, os idiomas,
tudo me rodeia como a
internet, o silêncio e a
sombra. Tudo é morte,
tudo é vida, tudo é dinheiro,
tudo é arte, tudo é poesia.
A verdade esqueceu-se de
se organizar, por isso é difícil
encontrá-la nas ruas, ou nas
pessoas. O Cristo, coitado,
está na glória enquanto o mundo
vive sua inglória própria.
Os poetas não sabem mais poetar,
os burgueses não querem mais comprar,
os pobres não querem mais chorar,
os ricos não conseguem mais sonhar.
E o que me espera no tempo ou no espaço?
É preciso esperar o novo do novo se abrir
como uma flor no meio do campo deserto:
se abrir, porque o tempo da primavera
um dia chega!
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