para c. drummond.
Não dobremos o dia em uma folha de papel
nem esperemos que os sonhos brotem
em folhas de palmeiras largadas do Recife.
Deixemos as coisas serem, acontecerem, aparecerem
como mágica, ou como um rio que se forma
no de repente da própria existência.
Larguemos por aí, nas calçadas,
nos campos, nos infinitos pensamentos,
largos versos de apoio moral, anti-ditaduras (não dentaduras).
Sejamos algo natural, como o corpo, como as estrelas
que são, e se reclamam por si mesma pelas distâncias
umas das outras. Nós não. Nós seremos a alegria da vida,
o repouso do amor, do beijo, dos desejos infinitos da matéria.
Não dobremos a noite dentro de uma tela plástica, nem
sacrifiquemos a alegria para os pensamentos da morte.
Sejamos o amor mais puro que pudermos ser, sejamos
a realidade de dois seres buscando o que não pode
ser encontrado. Sejamos o amor natural, o viver natural,
sejamos a nossa existência.
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