sexta-feira, 13 de julho de 2012
Nas paredes - conto ou reflexão
Nas paredes, nenhum recanto de liberdade. Suspiro basta para que alguns momentos sejam levementos fartos, eu não me lembro de tudo o que ocorreu e nem ao menos sei se vou lembrar do que está ocorrendo. Própriamente dito estou navegando num mundo submerso em sí mesmo (não posso dizer nada, só posso relatar, relatar para me justificar... etc e tal...).
É muito difícil tudo isso: silêncio. Um grito corta todo o ar de onde estamos observando agora. Olhamos de cima ou de baixo, tanto faz; as argumentações mais usadas são sobre o amor (é difícil entender o amor).
Vamos sermos devorados por lobos ferozes, nessa alta madrugada fria e gélida, onde nenhum cigarro pode nos aquecer e nenhuma estrela pode nos iluminar o caminho. E no entanto seguimos.
A base de tudo isso é a força, a vontade erguida de alcançar o inalcançável (base do sofrimento que roe por dentro os navegantes da vida). Vamos olhar para o céu outra vez, e outra vez e mais uma vez... Já não verei teu rosto e já esquecerás o meu. Mas fui teu!
Nada... um sussuro parece incomodar, você não segue conselhos de ninguém, morra em sua própria vontade de consumir-se em solidão (lembremos que ela é apenas uma amiga que deve ser aceita, a sua companhia deve ser utilizada, por nós, tristes homens das palavras).
Já não é por não querer seguir que sigo por entre as rochas do penhasco ou os ossos de meu pescoço. Ali, os números podem afastar nossas opiniões (fui Platão e foste Aristóteles), e no entanto cá nós, presos em sí, acorretandos pelo destino da descrição, mas não babamos solidão.
Estamos acompanhados, iluminação de lava. Trovamos por entre os cantos mais remotos da poesia, que está viva, que se ergue como um punhal. Nós os vagabundos, os malditos, nós os perdedores, nós que somos os incultos e putos hediondos... é culpa nossa, homens do culto e do saber de o mundo está assim, abalado em sua enfâse de fim.
Mas há a alegria para rair um sorriso, o menor que seja já é uma iluminação radiante.
Lá vem o sol, e eu digo: está tudo bem. E quanta liberdade abafada por eles, por eles que não vamos nomear porque já está tarde. Vamos descansar nossas espadas, porque as batalhas que virem serão mais doloridas e sofridas... mas é após elas que vamos aprender a valorizar a alegria e a felicidade de nos amar.
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