segunda-feira, 17 de novembro de 2025

soneto do caos próximo


se trump, o lunático americano, receber o nobel da paz,

e se o mundo, tão fatigado de si mesmo, sorrir ao prêmio,

teremos de admitir, ainda que tarde, que o desalinho

é agora a regra, e que da razão só resta o que se desfaz;


porque não digo a humanidade, que essa, coitada, jaz

entre gritos antigos e novos medos, sempre o mesmo trilho,

mas digo a sombra do que fomos, perdido em escombros de brilho,

onde cada gesto de loucura faz do futuro um cartaz;


vejam bem, não digo a humanidade, repito, digo o espanto,

essa criatura frágil que respira aos saltos como quem teme

que o chão se abra e revele o riso amargo do acaso;


pois se tal prêmio vier, mais vale escrever sob pranto

que há um sinal, e nele o caos, tão próximo, tão breve, treme,

como quem sabe que o fim começa sempre devagar, mas nunca vago.


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