Um texto de Gabriel Benslimane de Ataide
Se o mundo fosse uma gigantesca tartaruga marinha e estivesse indo em direção ao caos, certamente eu e você entraríamos dentro de um mercado e iríamos comprar batatinhas fritas e muitos refrigerantes.
Nesse momento tenso de nossas vidas, você me olharia com seus olhos negros de pantera, dizendo com palavras inefáveis e incompreensivas: “Porra, Gabo. A gente só vive momentos tensos no caralho dessa nossa vida”.
Certamente eu iria puxar pra cima e pra baixo a minha barba judaica, iria respirar fundo, abrir os livros sagrados da mesa de meu trabalho, olharia o céu esperançoso, dizendo. “Isso pode ser uma verdade. Ou quem sabe, é até mesmo uma injúria com a vida”.
Nesse momento você veria em minhas palavras algo que o amor não explica com o raciocínio lógico dos homens. E me desejaria sexualmente, querendo chupar meu pau com o fogo santo de sua língua quente. Eu gozaria na tua boca. Sim, eu gozaria. Gozaria o esperma que seria a esperança de toda a humanidade porque a tartaruga em sua pressa infinita estaria muito próxima do caos, e só eu e você iríamos sobreviver nesse apocalipse sinistro de anos-luzes.
E então, eu desperdiçaria meu esperma em sua boquinha, que ficaria melada de branco, o branco açúcar da porra, que você diria estar muito salgado em seu paladar.
E o destino se faria transparente para nós dois. E nesse momento veríamos Deus. E então, pela graça da bondade divina, a tartaruga nos explodiria como uma bomba atômica. E o caos e a ordem de novo se encontrariam em um beijo sinistro e físico de auroras antigas.
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