terça-feira, 12 de novembro de 2019

E se ela...


E se ela...


E se ela...
Texto de G. Rios


  Perguntei para o verão: e se ela me abandonasse? Em silêncio caminhei, não sei o motivo de fazer essa pergunta sinistra.
Eu a amo. E se ela...

As árvores estavam me olhando com seus olhos de folha verde. Uma lenta chuva começou a cair, deixando o ar gelado. Me arrepiei. Meu corpo se lembrou dos olhos negros dela. Olhos negros como a noite. Seria eu um planeta?
  
Andei um pouco para frente, e sentei no banco da praça com o papel e caneta na mão. Fiz uma pequena anotação das coisas que mais me faziam feliz: os espelhos, os labirintos, as imensas criaturas aladas do céu (cavalos e touros voadores).
  
E se ela...

Eu não sei o que eu pergunto. Porque o nosso amor é como um vulcão.
  
O nosso amor não tem começo e nem fim.

Só Deus pode entender o nosso amor, que é forte como um relâmpago, como a boca gigante de um beemonte*.

Eu sei.

E se ela...

Não. E se eu.

Fim.

*beemonte significa hipopótamo

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