sábado, 23 de novembro de 2019

O hipopótamo


para o meu 
amor, Bel


    Besta fera beemonte, que carregas na
língua, na boca, nos dentes e nos rabos
as velhas invocações de injúrias por
ser tão formoso e arredondado.
    Ó cavalo-marinho, cavalo potente das
águas embalsamadas do rio nilo. Estai
 sempre sozinho por ser territorial?
     Carregas essa marca (como chaim) de seus primeiros ancestrais?
És tu, cavalo-marinho, que carregas no nome a herança grega de Ovídio
 Nasón, nos teus quarenta anos de água gelada e sonhos profundos.
    Puro cavalo criado por Deus, carregas 
as furias e as tranquilidades do divino 
em tua imensa gordura.
Ó hipopótamo, náufrago das 
águas do nilo, habitante dos rios.



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