O Ouro dos Tigres / conto
Certa noite tive um sonho com um tigre. A noite estava calma e quieta; nos olhos da fera, pude ver a tranquilidade e a fúria das guerras. Esse tigre perguntou o meu nome, composto como os anjos de sete letras, já que sete provém a ser o número da perfeição de Deus (mesmo que se oculte a inteireza do número 4).
A partir daquela noite passei a sonhar com outros tigres, variados em forma e tamanho, mas sempre trajando o ouro asiático em hipnotizantes espelhos, porque sempre tive a sensação de admirar sete animais: os tigres, os leões, as ovelhas, os hipopótamos, os touros, os cavalos e os pelicanos.
Depois na sombra de meu quarto, tentei com honestidade reproduzir os tigres em desenhos à giz de cera.
Não fui sucedido nessa tarefa, mas não abandonei meu intento, já que em cada noite de sono, acometido por visões, tigres se sucediam em minhas noturnas cenas teatrais; alguns tigres, aterrorizantes como se fossem dragões selvagens, outros eram mansos como gatos que se deitavam em meus pés e me pediam para ler As Mil e Uma Noites ou, apenas contar a cena histórica do profeta Daniel, o profeta judeu que foi lançado em uma cova cheia de leões apenas por se manter fiel a Deus, Jeová, O Senhor!
Se o ouro dos tigres me seduzia a esses estados místicos não posso afirmar com a certeza de um profeta. Até hoje vejo em minhas noites de insônia a figura de um tigre, que lentamente, obstinadamente, vai se transformando em uma borboleta, um hipopótamo, um serafim.
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