quarta-feira, 15 de março de 2017

É de manhã


Enquanto o galo
canta lá fora, no jardim,
eu me lembro de alguns
versos de amor que eu te fiz
com o marfim da inspiração.
Hoje você não pertence
mais a mim e não me olhas.
O que aconteceu com o arco-íris
da tua boca para que sumisses de mim?
É de manhã, as estrelas estão
estampadas no escuro.
Vejo o seu rosto refletido
na saudade do tempo do próprio amor.
Esse é o fim? Esse é o amor?
Laços, enigmas, tijolos.
Não construímos com o cal das
nossas lágrimas nossas vidas?
Eu me lembro dos teus beijos
constelados de azul e de cristal.
Beijos morenos como os teus
cabelos escuros e negros como
o céu escurecido da madrugada.
Que tens que não me ouves
mais cantar para ti? Que tens
que me abandonas entregue
as nuvens e as traças?
Hoje que não tenho, pode ser
que eu te ame profundamente
e tu simplesmente ainda me amas.
O galo canta sua canção repetitiva
enquanto eu acompanho suas melodias.
Dorme, companheira. É de manhã.
E o amor ainda se pronuncia!

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