א
Agora não é nada não.
Agora é cedo, de manhã.
Como diria Salomão
sempre a mesma manhã.
E nessa manhã escrevo
sentado no reflexo (se e
pode ser que seja) do
computador do meu rosto
da fotografia do amor.
Não, não, as palavras
me escapam como peixes
porque não consigo ter
um rumo sincretizado.
Meu Deus, por que
fui nascer envolto em
pecados? Não sei, não
sei, mais se eu pudesse
eu escolheria o céu e o mar
porém a terra me agrada
porque é no pó que as raizes
descansam e germinam flores.
Mais nada disse interessa
aquele que não escreve.
Por que trabalho? Por que?
Senhor, assim me criaste?
Por que questiono tanto?
Por que murmuro tanto?
Por que sou judeu? Por que
tenho em mim o caráter dos
livros? Que livros? Senhor
eu não sei nem o que escrevo
eu não entendo mais o que eu digo.
Tudo está cinza porque o tempo está
cinza. Ontem choveu, o frio passeia
e o orvalho pranteia. Palavras bonitas
servem apenas para isso,
só para serem recitadas e esquecidas
na escuridão e uma lâmpada apagada.
E eu, Senhor meu Deus, meu querido Deus,
eu recito tudo o que aprendo no dia.
Meus livros estão rasgados, meus poemas
estão no fundo do mar, me esqueceram,
todos, os amigos que nunca quis, as amadas
que sempre quero bem, os alto poentes,
a natureza, Senhor, que tu criaste, é melhor
do que isso. Mas se trabalho para receber
apenas um pedaço de papel
não seria melhor que me pagassem
meu salário em comida e livros?
O que será que significa tudo isso?
Meu Deus, meu querido Deus, é por você
que eu suspiro.
ת
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