domingo, 2 de setembro de 2012

Não esqueça os meus olhos amor meu, Pois eu esquecerei os seus.


Não esqueça meus olhos por favor amor meu,
Pois eu já vou esquecer os seus:
Esses olhos sangrentos, de trevas misturadas com a água
Clara e manchada de sangue baleiesco
Do oceano.

Já esqueci os anos, os dias, os números,
As letras me ficam, pois tenho que lutar comigo mesmo
Nas palavras mergulhadas em sonhos, esperança (Essa palavra
Não está inscrita em meu sobrenome e nem sequer sei
porque a carrego em minha boca).

Do oceano... amor esse oceano infinito.
É nesse oceano que eu quero morrer, me afogar
Cantar com as sereis que não existem, beijar os belos
polvos e lulas-gigantes que vivem em sua profundeza melancólica

Melancólica como minha vida... Esqueça-me
Mais não esqueça meus olhos.
Deixa-os em teu cérebro, deixe que suas ancas saibam
o que significa os meus olhos...

Deixa que eu esqueço os teus:
Esses olhos de trigo, que de tão belos me matam;
De tão firmes me agridem.

Eu não te canto
porque não posso te cantar como antes.
Me movo então
no ritmo da água
para que a minha arte me salve de seus olhos:

Não esqueça os meus olhos amor meu,
Pois eu esquecerei os seus.

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