Não querem que eu seja feliz
não, não querem.
Mas o vento tem
plumas que me
agridem o rosto.
Não, não querem.
Em silêncio me ferem
com facas invisíveis.
Não, não querem.
Não querem que eu seja feliz.
Então a vida me fere.
A vida me fere
com gotas de morte.
Eu tenho paz, eu tenho sorte.
Não, não querem.
Enquanto caminho
para trabalhar no vento,
minhas mãos se congelam
de tédio, sem dinheiro.
Não, não querem.
No muro o meu nome
é um apito, um bule,
no mar meu espírito
naufragou de amor.
Não querem que eu seja feliz.
Não, não querem.
Por isso deixo todos perplexos,
todos desesperados,
todos amargos, porque
as palavras são vãs,
e a vida é vã, e a morte
é vã, e as coisas vãs
são todas poéticas.
Não, não querem.
Por isso sou feliz
com a bolinha de papel,
com a caneta azulada,
com o destino das estrelas.
Sim, sim: me querem!
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