sábado, 15 de julho de 2017

Grito


Uma voz encoberta
na fumaça do tempo,
dentro das águas
tristes, dos serenos.
Uma voz cheia de
pequenos sofrimentos,
iguais as feridas abertas
pelas marcas sem cicatriz.

Depois com o movimento
do relógio, a cada badalada
do coração, a lenta lembrança
dos amores se dissolvem
como pequenos restos de
pão.

Uma voz apenas
e um aplauso de silêncio
uma voz apenas
e a melancolia infinita
uma voz apenas
e o sofrimento de existir
com tantos canalhas
a minha volta.

E enquanto componho
grito, desesperado.
E enquanto componho
ninguém me escuta.
Enquanto componho
tenho a alma dissecada
e o coração aos pulos
totalmente congelado.

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