José Saramago
Meu coração
sangra versos
e rios imensos
como um
pássaro sem asas
cego, mudo e surdo,
voando pelo
céu tristonho do outono.
Meu coração sangra.
Sangra versos e espadas
que me cortam o amor
com a bacia de veneno
cheia de solidão e amargura.
Meu coração sangra
vinagre e tristezas,
azeites e escuridão.
Pobre coração,
tão pequeno,
tão imenso,
tão solitário,
tão cansado.
Parece uma paloma
sem rumo na janela
observando os ciganos
exilados pelo destino:
Meu coração sangra
versos e suspiros!
Nenhum comentário:
Postar um comentário