sexta-feira, 7 de junho de 2024

poemas

 

HOJE ACORDEI RIDÍCULO
Hoje acordei ridículo.
No entanto,
até onde eu me lembre,
sempre acordo ridículo.
E vejo de novo esse
teatro da vida,
e dentro do peito
a ausência,
a ansiedade e a 
melancolia, dançando
como se fossem estrelas
bailando no espaço cósmico.
Estou cansado,
cansado da vida.
Quando acordo, ridiculo,
vejo todas as coisas ridículas
da vida.
Me matar? Não, não é necessário
um espetáculo maior e mais tenebroso.
O mistério de viver ridiculamente
é o que me faz viver até o fim,
para saber e compreender,
como diria Spinoza, ou até
Boris Pasternak.
Hoje acordei ridículo.
E mais uma vez vou viver
essa vida ridícula.


SENSAÇÕES
Há dentro de mim
muitas sensações estranhas.
Quem dera eu me conhecesse,
eu saberia quem sou e não ficaria
com essa tristeza imensa na alma.
Quem eu culpo por essa tristeza?
Deus? Não basta ele ter me dado
a vida, não seria essa a minha
maior alegria? Viver, e ver viver.
Sensações estranhas, tremores,
temores, ansiedades, delírios.
Não sei nem se estou vivo ou morto.
Estou vivo, quando ando, mais estarei
vivo mesmo? Será? Quem são esses
outros homens e mulheres que me
cercam? Não sei responder. Vou sentir
de novo todas essas sensações misteriosas
e dormir no meu travesseiro sabendo
que a vida é um mistério,
eu sou um mistério,
e Deus, o Todo-Poderoso, é o maior mistério de todos.


ESQUECIMENTO
Existe apenas dois eventos no passado 
que tem a definição
 e a importância necessárias
 para a retificação por direção:
o nascimento, e a morte.
Sim, que te amei, eu sei muito bem.
Amei e também fui amado.
Fui marcado por essas coisas estranhas,
  fenômenos estranhos mas
 bastante comum, 
talvez de fato para toda a vida,
Ó alma de inércia e retraimento,
 me dê o belo brilho do esquecimento. 

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