quinta-feira, 6 de junho de 2024

poemas

 

ABAIXO DA LUA CHEIA
E OUTROS POEMAS


PARTE I 
discursos para nada

A BRUXA
Na noite Estrelada que geme e esfria
Eis que a bruxa na névoa densa se aproxima.
Como é bela, tão vil criatura,
Seus cabelos de fogo ruivo ardem
Como as tochas que incendiaram
As cavernas esquecidas.
Agora ela passa pela floresta,
E chama e canta palavras antigas.
Ninguém sabe se eram deuses
Ou demônios que suas palavras
Misteriosas e enevoadas chamavam.
E a corte do bispo a têm amarrada
Em grilhões de trevas e falas arrastadas.
Como é triste ver tal beleza sofrer,
    Pois na mão dos idólatras
    A bruxa irá morrer.


A IGREJA
Vejo a minha frente nesse campo solitário
A Igreja toda de branco como a noiva esperando
O noivo no jardim de rosas enfeitado.
E ali dentro tudo está: o Livro Sagrado,
O castiça acendido, e as vozes antigas
De louvores ao Eterno.
Em cima um Sino enfeita sua capela,
E a cruz que levou muitos para o além
Ali estampada como um símbolo também.
E como entrar por essas portas se está a 
Casa de Deus está com tábuas trancadas?
Onde estão seus bispos, pastores, padres?,
Qualquer um que possa abri-la de novo,
E enxertar de Amor o coração que está
Morto.



UM POEMA QUASE-CRISTÃO
Vêm até mim todos os que estão cansados e oprimidos,
E com minhas palavras sem nenhum gemido,
Eu os aliviarei com o vento vivo da canção,
E o sol da alegria pulsará na eternidade.
Não me façam messias, nem me tornem profeta,
Eu que sou um homem como vós e sonho,
Sofro, choro, amor, durmo...
Para mim só o Amor justifica a existência,
E os prazeres da carne são sinais da demência.
Dizei para os que me escutam o que vou justificar:
Abram as portas, o Rei Eterno vai por elas entrar.


CARTA HUMANIZADA 
Ó vós,
Que cantai o amor:
Continuai acreditando
Na esperança que
Rega as flores.

Dou a vocês
Esse verso nascido
Na alegria e no momento.

E saiba que eu te amo,
Ó meu leitor.



DOS SONHOS
Abri para mim um mundo de Sonhos,
E senti um gosto de limão sobre a casa.
E entre Noites inumeráveis
Vi estrelas incontáveis e me lembrei
Das barbas de Abraão e de Jacób.
Aquela noite ela me desdenhou
E me pediu para partir com um
Tapa desferida em minha face esnobe.
E eu aprendi a dar a outra face
E cantar Arcanjo de fogo brilhante. 


A FADA
Tão minúscula e tão bonita
Em seu vestidinho verde,
A fada passa por mim
Sorrindo e acenando.
Traz na mão uma harpinha
Dessas feitas de ouro
Produzidas por duendes
Ou talvez por Querubins tristes.
E lá se foi a fadinha
Sorrindo e me acenando
Entrando na floresta escura
Enquanto eu estava chorando.


A FADA DE NOVO
Eis entre arbustos
Sem nenhuma voz dizer
Uma pequena fada
Acenando para a criança partir.
Eu não pude responder,
Pois quem ousa sobre tal
Criatura dizer algo,
Pode ter a língua feita pedra
Igual a mulher de Ló 
Foi transformada
Há muito tempo atrás 
Em estátua de sal.


O FAUNO
O destino deu a tí
Pernas de bode e chifres
Que deixam até Moisés esbelto.
Deixai eu dizer, ó fauno
Que caminha nos prados
Carregando um pequeno licor,
Tocai sua flauta canções antigas
Aos que celebravam
O Verdadeiro Amor escutar.



A ESTRADA DO CORAÇÃO
Isso é a vida,
Silêncio, não tenho nada a dizer,
Que pela estrada há
Elfos e sereias a viver.



ABAIXO DA LUA CHEIA
Abaixo da lua cheia
Eu me vi caminhando entre
Poemas e canções esquecidas.
O coração gemia uma canção
Mesmo sabendo que ser 
Consolado é apenas uma loucura.

Como [é bom acordar
Ao seu lado de espada dura.
E mesmo que os animais
Desertem pelas estações
Eu faço o meu poema
Repleto de rosas e girassóis.

Abaixo da lua cheia
Eu parti para encontrá-la.
Ninguém me viu, eu estava
Sozinho dentro do ônibus.
Fazendo sorvetes para
Burgueses idiotas,
E passando meu espírito
Em lamentações e rabiscos.

Abaixo da lua cheia
Eu vi seu olhar e queria
Te beijar, te chupar,
Te tocar, qualquer coisa
Que me lembrasse a alegria
De não se estar morto.

Abaixo da lua cheia
Flores e florestas,
Pessoas que não sabem o meu nome.
E o destino é misterioso,
Assim como a vida é misteriosa.



O DRAGÃO
Que criatura sublime essa
Que estica as asas e voa
Acima dos ninhos das águias.
Dentes tão afiadas como navalhas,
E que calda bela tem o Verme
Igual um chicote que estala na noite.
E na sua fúria levanta a boca
E da sua língua salta densa fumaça.
Sua garganta é uma chaminé
Que não precisa de madeira para
Acender forte e vibrante.
Basta apenas seu ódio e sua raiva. 



LAMENTO POR MINHA CIDADE NATAL
Minha cidade já não existe para mim
Hábito solitário no meio da fantasia.
Já não há reinos para mim,
O Arqueiro é Cristo com suas flechas.
Sou sebastião dolorido mais feliz.
Quem são meus irmãos e mãe?
Não são os que fazem a vontade do Deus eterno?


ATAQUE DE DRAGÃO
O grande dragão lançou
Seu fogo vermelho-azulado
Em cima do lago onde estava
Meus restos mortais enterrado.
Como eu pude ver tal cena
Se eu já não estava mais na terra?
Ora, há muito tempo já morto
Mesmo respirando entre várias árvores,
Eu via seu retrato na parede e chorava.
O fogo do dragão me levantou para vida,
Cavaleiro do norte, veja: é suave a brisa.


O BOSQUE
Passa pelo bosque,
Menina morena,
E vê o canto dos elfos
E das fadas adormecidas.
Passa pelo bosque,
Menina morena,
Que o minotauro cego
Está morrendo com mil flechas.


A VOLTA
Voltei a escrever versos,
E sem sentido eles me faziam
Renascer igual fênix
Cheio de bosques, lírios e brisas.





PARTE II
uma visão


UMA VISÃO
Sente-se amigo, pegue a cadeira,
Eu vou te narrar belos poemas.
Por favor, não boceje, o café
Já está em cima da mesa!
A minha alma vai saltar de fora
Para dentro, como a porra
Salta da ponta do pênis circuncidado.
Olhe: mil estrelas, estão girando
Acima de nossas cabeças no espaço.

Noite fria, onde o vento vem,
Amargo, belo, tenebrosa tempestade
Se aproxima com essa luz ensolarada.
Meus olhos estão fechados vendo
Faunos e elfas nuas pela estrada
Onde os homens guerreiam por Esparta.

Seio puro e duro com os bicos molhados
Pela chuva que cai até chegar em minha boca.
Deixa eu provar o mel que saltou 
Sobre o gigante da língua de uma vaca.
Amiga, e amigo, lançai mão dos meus poemas
Agora vou cantar o que a minha alma triste está 
Pedindo.



O POETA TRISTE SE EXPRESSA SEM NADA PERDER
Amado, eu já não te amo,
É triste, eu sei, é digno de nota,
Mais quem pode amar tanto
Quanto um poeta que não se
Importa?



O POETA TRISTE OBSERVA O MAR
Ritmos... e quantos ritmos...
Águas, e quantas águas.
O mar voltando e indo,
O mar indo e voltando.
Navios partindo... a noite
Se aproximando em sussurros
Antigos de outrora.
Homens gregos nus acenam
Para sereias de pênis de fora.
E lá do outro lado está uma terra
Chamada África.


O POETA ALEGRE OLHA AS ESTRELAS
Vou dar um nome,
Qualquer que seja,
Para aquela estrela, a mais brilhante,
Aquela que pulsa igual
Um cavalo correndo pelos campos.
Vou chamá-la de Esquecida.
E esquecerei meu pranto!


PARTE III
DIVERTIDINHOS

A RAPOSA
Fritz era uma raposa
Que vivia na toca à toa.
Gostava de tomar chá
As cinco, igual um inglês metido.

Fritz era curiosa,
E seu vizinho era um Urso grandão.
Mas quando o Urso batia na porta
Pedindo mel pra matar sua sede,

Fritz se escondia na coberta,
Fosse chuva ou fosse frio.
"Esse urso quer tudo de graça,
Será que não vê que eu estou deitada?"

Fritz um dia subiu para o céu
Só para conversar com o Homem da Lua.
"Honrado senhor", disse ela, chegando lá,
"Será que você tem aqui biscoito com chá?"


BRANCA DE NEVE
Branca de neve
Um dia enganada
Caiu no chão
Porque comeu uma
Maçã envenenada.

Acorde, acorde,
Gritou o primeiro anão,
E de brinde chegou mais sete,
Um deles muito serelepe,
Nem percebeu a gravidade
De toda a situação.

Por fim passou um príncipe
Desses que moram na rua.
E não fez de rogado,
Caiu apaixonado e deu na
Menina dormente um beijo na boca.

A coitada acordou,
E num grito de amor
Com o príncipe se casou.
E os sete anões com ela
Também lá no palácio morou.




Nenhum comentário:

Postar um comentário