sábado, 28 de julho de 2018

Cerimonial


Porque te desconheço
já não choras em meu ombro.
E que visão imensa,
essa dos vulcões,
das árvores e seus
frutos sendo amadurecidos.
O céu estrelado é um
espelho onde o mar
carrega dois olhos,
dois braços, uma perna,
e saltita como uma gaivota,
cantando a mesma espuma
e lambendo sempre a mesma
areia de praia.
Não, suas mão não
estão frias por minha causa,
nem sua boca se esquenta
com beijos ou saliva,
mas em cima do muro
eu vejo pequenos caracóis
transando melodias esplendidas.
O sol, esse abismo amarelo,
sempre pareceu para mim
um ovo cru e cozido no
céu azul.
Mas o seu sorriso,
embora desconheças o meu nome
assim como não sabes
as manchas que carrega a terra,
é o vinagre saboroso, o mel divino
que arde, que fere, que cura,
e que tanto encanta o desconhecido
que te canta
(como eu).

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