quinta-feira, 19 de julho de 2018

Schopenhauer e os judeus



Lendo um dos meus livros favoritos que tenho na estante, "Parerga e Paralipomena", não consigo me conter em fazer comentários sobre alguns trechos que encontrei por acaso nesse livro. 

 Em primeiro lugar, quero dizer que tenho uma admiração profunda por Schopenhauer, como homem e como filósofo. Tenho sangue oriental judaico nas veias, e as idéias desse homem bebe muito de fontes que vieram do Oriente, seja da China seja da Índia. 

 Pois bem, não é esse o assunto que quero tratar aqui. 

 Pouquíssimos estudiosos fizeram comentários sobre os escritos em que esse filosofo fala dos judeus. Assim como Kant, que desprezava os judeus como uma classe "improdutiva da sociedade, por apenas barganharem com vigarices", Schopenhauer tem uma opinião (muito mais exata, creio, e menos hostil, mas mesmo assim, incomparavelmente curiosa, vinda de um homem que defendia os animais etc...).

 Não, não creio que Schopenhauer atava os judeus em si, como grupo étnico, ou comunidade, e sim, sua religião, com base nas estruturas do que achava correto, afinal, realmente há trechos do Velho Testamento (Toráh), capazes de fazer qualquer um ficar de cabelos em pé, como por exemplo, a traição dos filhos de Jacó, que passaram uma cidade inteira ao fio da espada, depois que os homens comandos pelo abusador de sua irmã (a filha de Jacó) tinham se circuncidado.  

 Schopenhauer devia tratar os trechos do Antigo Testamento com base em teorias egípcias, e é claro, que os egípcios iriam ter uma opinião completamente deprimente e dolorosa diante dos hebreu que ali viveram. Até onde sei, sem citar historiadores do Egito, eles dizem que a saída dos hebreus não foi por um ato divino, e sim, por que estavam doentes, com sarnas, seja lá o que for, e foram mandados embora pelo faraó pela costa da Arábia. Schopenhauer usa essa base, ele coloca esse fato como um dos fundamentos que originariam a lenda por detrás da saída dos judeus da terra do Egito. 

 Não me sinto ofendido com tais coisas, porque Freud, um judeu austríaco, usou até mesmo essa base em um excelente livro chamado "Moisés e o Monoteísmo", em que dizia que Moisés era apenas um egípcio que tirou um povo e os guiou, e foi morto, gerando uma espécie de culpa social que derivaria até o judaísmo contemporâneo. Li o livro com um sorriso, e não aguentei e gargalhei em muitos trechos. Voltemos a Schopenhauer. 

O filósofo compara os judeus a escória da terra, e um povo mestre em mentiras. Não há muitos fundamentos para entendermos essa constituição.  Parece que a ideia que os judeus roubaram os vasos de prata e de ouro dos egípcios, poderia estar por detrás de tal comentário. Mas acho que o filosofo não se lembrou que eles mesmos fundiram o ouro e formaram um ídolo na forma de um bovino, que depois foi derretido, e tiveram que tomar os restos do ídolo que fora jogado na água. 

 É muito difícil explicar o que esse homem tendia dizer com tal frase. Só no dia da ressurreição cristã poderei tirar minha duvidas. Por enquanto, só fico com esse curto texto, e prometo tentar escrever mais sobre o assunto. 

Não acredito que nem Kant nem Schopenhauer tinha algo contra os judeus. Aliás, Schopenhauer escolheu um judeu para publicação da sua obra, depois de sua morte.

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