segunda-feira, 23 de julho de 2018

Aos que choram


Não que o mar entenda,
não, isso ele não entende,
nem as montanhas brancas,
nem as cavernas negras,
as ilhas não sabem,
nem o céu azul,
nem as velas,
nem nenhuma coisa
que fique presa a
estante como
os livros,
o relógio,
o besouro que sobe
na cama, ou o gato
que dorme confortávelmente
no sofá.
Não que os arcanjos recitem,
ou que os povos da terra sejam
sagrados, ou que exista
algum sentido em se estar vivo,
mesmo que as palavras
sejam uma invenção recente
e o universo suspire por dentro
e os trens levem as mercadorias
a preço de sangue,
as guerras são espirros divinos,
e as dores apenas feras que
nos rodeiam, ou seja lá o que for
as lágrimas que caem
o oceano não entende,
nem o planeta inteiro,
nem as árvores,
nem as folhas pequenas e amarelas
no chão.

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