segunda-feira, 23 de julho de 2018

Meditação

Meditação

 Com o abrir da fechadura a porta estalou. Tac. Suas mãos na porta
Continuavam a frescura da noite do outro lado da casa. Felipe e Ana estavam dormindo
aconchegantes na cama. A noite de ontem havia sido chuvosa e sonora, como se as gotas
caindo pelo telhado anunciassem o apocalipse continuo entre água, ventos, raios etc...
 Eu sei que é muito difícil descrever a beleza dela assim, de supetão. Estávamos casados ia fazer
exatamente uns trinta anos. Dois filhos lindos, um menino, uma menina, era esse o resultado
de nossa união na cama. Posso descreve-la com muita dificuldade, tentado argumentar com o
meu terrível sotaque interiorano as coisas positivas que ela possui e as coisas negativas que ela
possuía.

Possuía sim, meu caro, porque as coisas boas nós guardamos com muito interesse, e as coisas
más vamos esquecendo aos poucos. Isso quando há amor entre um casal.

Não, eu nunca soube o que era amor... Quer dizer amor com maiúscula, amor capaz de
exteriorizar o interior e interiorizar o exterior. Estou tentando parecer complicado, isso porque
escrever como eu escrevo é como fazer um filme. Primeiro alinho as personagens, vou
costurando o roteiro antes de iniciar os diálogos e por fim começo as filmagens depois de
receber do magnata o dinheiro necessário para pagar atores, figurinos, etc...

Eu fujo do assunto como um rato quando visto por um gato. Eu prossigo. Os cabelos morenos
dela são o sinal da minha predileção por mulheres morenas, com os cabelos escurecidos como
a noite. As vezes eu tento sem muito sucesso ser poético e tudo o que acabo sendo é
extremamente patético. Um babaca mesmo. Mas ela era morena de cabelos bem enegrecidos,
bora sua pele de porcelana fosse moldada por traços que para mim pra lembraria Pocahontas
galopando contra o vento para salvar seu povo, ora lembravam Mulan, com olhos de flecha
orientais pronto para proteger a China, o imperador e o seu amor.
Ficou tão patente assim meu amor por minha mulher de traços orientais? Essa foi a intenção,
não com claridade, é claro, porque as vezes tento ser hermético como qualquer escritor
ocidental.

Isso não é amor? Se importar até com o jeito que ela entra com os cabelos esvoaçantes para
dentro de casa? Não é amor isso? Amor, suave amor.
As crianças na cama, o piu de uma coruja cortando o ar e o vento levantando as folhas caídas
pelo fundo do quintal.

-Cheguei lindo!

Eu sei amor, eu deveria ter respondido é respondi. O jantar está na mesa. Comprei pizza amor.
Empoderamento diferentes . Não é amor isso tudo que eu acabo de descrever?

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