Aqui no meu quarto.
Aqui no meu quarto,
e nada mais.
Aqui, onde me prendo,
aqui onde sonho,
onde durmo imóvel
com ferrugens e móveis.
Aqui no meu quarto,
onde estou.
Sozinho como um
pássaro no deserto,
como um pelicano
cheio de dor.
Aqui no meu quarto,
ouvindo com os meus
ouvidos de elefante
as vozes do crepúsculo,
e cantando a silhueta
tristes dos pardais.
Aqui no meu quarto.
Aqui no meu quarto,
e nada mais.
Aqui no meu quarto
onde a janela não
se abre.
Aqui no meu quarto
onde a janela não
se fecha.
Aqui no meu quarto.
Aqui no meu quarto,
e nada mais.
Aqui, onde pulsa
bisões de ventos,
rimas toantes,
velórios inclusivos,
rendas de panos,
e tapetes de ouro.
Aqui no meu quarto,
onde os olhos dela
me velam como
nuvens de lêmures.
Aqui no meu quarto.
Aqui no meu quarto,
e nada mais.
Aqui, onde minha
voz não consegue
te ocultar,
nem te alcançar
as vontades do
meu sexo.
Aqui no meu quarto.
Aqui no meu quarto,
e nada mais.
Aqui, onde os livros
me rodeiam como
um sultão,
aqui mesmo,
onde a palavra
teço com pequenos
gritos de dores
vindos do coração.
Aqui no meu quarto.
Aqui no meu quarto,
e nada mais.
Onde antigas
peças teatrais
encenei para
o verso ninguém.
Onde rude,
desafiei o amor
com brasas de
lírios.
Onde cantei
para Deus os
meus próprios
vazios em suspiros.
Em meu quarto.
Aqui. Em meu quarto.
E nada mais.
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