Cai o fogo do céu sobre a tarde
em lentas espadas feitas de folhas.
Nas ruas os asfaltos são corações
esquecidos no meio das cidades afoitas.
A brisa quente do destino se assemelha
a olhos de crepúsculos em forma de estrelas explodidas.
Negras anjas voam pelas imensas silhuetas
enquanto a tarde geme sua canção de sinos.
Ó voz turbulenta de vinagre, vitamina,
solidão da minha própria carne em runas medidas.
Por que viraste o rosto para mim, envelhecido profeta?
Agora eu sou aquele rio que passa pela terra.
Meu sono se assemelha ao petróleo oriental,
e minhas barbas arábicas tecem gotas de brisa.
Leio, leio, compulsivo, cheio de obsessões e enigmas.
Ferido pela lua e pelo sol, o calor estremece por dentro.
O coração, frio petróleo asmático, montanha
que se eleva gelada pelos lírios, não distingue
o sol que cai para escurecer o céu com carvão.
Levantamos sozinhos o papel, o amor, e a imensidão.
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