Com o coração nas mãos e as rosas profundas na alma,
com o coração no chão e as rosas profundas nas casas,
com a alma feita de serafins magnéticos e pequenos camundongos
com o coração nas mãos, e nada mais para contar.
Exóticos lírios podem ser vistos soluçando por cima
dos telhados imóveis e por asas densas de animais extintos.
Suspiros, breve suspiro, respiram as almas cansadas
dos mortos envolvidos pelo mar como por uma balança.
Do outro lado do jardim crianças de algodão cantam com vinho.
Só isso e nada mais, coração de barro, só isso e nada mais.
Do outro lado do jardim podemos ver a morte cambaleando
bêbada, com taças de rosas e querubins surdos pelos muros.
O coração é a fonte de todo tédio dessa vida.
Só o coração amadurecido, e nada mais.
Só o coração entristecido, e nada mais.
O vento vai colhendo suas espigas pelas barbas dos profetas,
rosas gritam, pessoas com pressas assassinam o relógio,
as igrejas encenam amores e peças, o cinema se finda com um tiro,
do outro lado do céu um sol cheio de rancor começa a por limites
ao seu amor clandestino, e a noite feita de mil pedaços quebra a face
do próprio vidro.
Noite, noite profunda, de algas e cicutas,
noite de delírios, noite que passa nos ponteiros,
noite, noite profunda, fonte de todas as coisas
que podem dar prazer e tristeza ao coração
ferido.
A natureza se perde furiosa
e um gigante tímido estende sua mão
e lança uma rocha para calar a multidão
cega, muda e surda que assola
e assombra os encobrados de riquezas mortas.
As mãos levantadas suspiram
e descobrem por si mesmas que
aqui é o país do contrário.
Tanto imposto para nada,
tanto roubo, tanta injustiça,
que começa por cima e por baixo.
Enquanto meus olhos gritam suspirando como baleias sangrando no oceano
o tempo continuo continua a girar, e a girar, a roda imóvel dos termos.
Um mapa é queimado pelo serafim sem óculos.
E minha boca cheia de sede beija as lindas ninfas
de corpo e folhas tristes.
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