sábado, 5 de maio de 2018

SENTIDO DE EXISTÊNCIA



Suaves noites se passam
pela borda do travesseiro
onde durmo, acariciado
por anjas e véus escuros.
A chuva, densa e molhada,
enxágua o meu coração
com feridas e lágrimas,
e componho seres e nadas
com o mesmo calor da
agressão com que me
agridem de solidão e esperança.

Lentamente a voz suave de Jesus Cristo
me enche os olhos com
imensas nuvens e prateados espelhos
onde não me reconheço,
onde adormeço, despertando
com anéis prateados de solidão.

Ai, quanto rancor, ai, natureza,
densa luta entre o cravo e o carvalho,
chama dos meus olhos.
Sempre que deito a cabeça
e vejo ela nua ao meu lado,
caçando palavras em meus
delírios, percebo o quanto sou
precioso e inútil para a vida.

Vou pelas amoreiras,
vou pelo campo, levando
minhas mãos e o meu corpo,
existindo imenso e pequeno
como as formigas e os caranguejos. 

E enquanto os meus olhos
vão se escurecendo, pela tarde
o sol brilhante, tende a ser estrela,
enquanto as pessoas que vejo
são frutos de ignorância e ódio,
vou compondo minha imensa obra

coroando assim a minha existência!

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