Eu, eu, eu vi a beira dos teus olhos
brilhantes como estrelas, como
pequenas borboletas avermelhadas
dentro do arco-íris ardente da manhã.
Eu, eu, eu vi a beira da tua boca
tua boca de mel, tua boca cheia
de açúcar, de sal, de café, de limão,
boquinha vermelha como a asa
azulada de uma borboleta triste.
Eu, eu, eu vi a beira da tua boca
aberta com teus lábios de faca,
lábios de carne, lábios de osso.
Mirando o teu rosto belo, teu rosto
belo como a noite que adentra a
janela da minha alma corroída de
coruja.
Eu, eu, eu vi tuas mãos pegando
fogo como a casa que queimou
aquele dia no meio do caminho.
Eu vi, eu vi as tuas mãos brancas,
mãos amarelas, mãos negras
vivas como a mão de um bovino.
Tu és uma rapariga tão linda, tu és.
Eu, eu, eu vi tuas mechas de cigana
dançando com o luar dentro da
igreja e tua voz se misturava com
a minha e ia se perdendo dentro
da minha imaginação branca de
tantas lágrimas vermelhas.
Eu, eu, eu vi as tuas orelhas
ouvindo a recitação das estrelas.
E escorriam tuas lágrimas como
caranguejos na areia do mar verde.
Ai, mar verde, ela é o meu outono.
Eu, eu, eu vi o teu amor adentrando
o meu coração de vermelho vivo,
o meu coração de mel, eu vi em
tuas mechas o meu eu morrendo
e despertando vivo como um anjo
dentro do abismo da luz e das trevas.
Nada mais... Nada mais...
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