Elizabeth, mulher fria do norte,
teu olhar é um mapa desenhado
sobre águas cinzentas,
ilhas dispersas,
casas de madeira onde o vento nunca dorme.
Teu verso é bússola contida,
não grita, não se impõe —
aponta.
E no silêncio exato da tua escrita
há uma disciplina de neve,
uma claridade que corta.
Entre exílios e traduções,
constróis um lar provisório
em cada palavra.
E como quem observa
um peixe imóvel no aquário,
ou uma carta perdida no bolso de um casaco,
teu poema se inclina —
sob o peso leve do mundo.
Fria?
Fria como o mármore das catedrais,
como o azul que nunca se desfaz no horizonte.
Mas dentro do frio,
arde discreta
a chama que não pede testemunha.
Elizabeth, mulher fria do norte,
até o silêncio em ti
aprendeu a falar.
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