Fechei a porta,
e não entrou a eternidade
por ela.
Eu poderia gritar
ai, de mim,
se poderia.
Hoje estou
com os ossos doloridos.
Amanhã serei apenas
um esquelento enterrado
dentro de um caixão.
Será que morto sente dor?
Penso nos cabelos cinzentos
dos antigos poetas russos.
Pasternak, Maiakóvsky.
Onde será que foram todos?
Estarão escondidos nas estrelas
juntos de Moisés e Deus?
Agora estou gemendo.
Lá forá existe uma lua
estranha e densa.
É a mesma lua de sempre.
A mesma lua branca, que parece
mais um pedaço de trapo
estendido no céu.
A natureza é de uma violência
digna de pena.
Quem criou esse mundo digno
de ódio?
Quem criou essas pessoas amargas,
esses selvagens demonios,
foste tu, Senhor, foste tu,
aquele eterno que pendurou o próprio filho
no madeiro (ou será que o filho
eras tu mesmo?).
Que enigmático dilema.
Amanhã, se eu não levantar da cama,
nem abrir os olhos,
não esqueçam camaradas,
de abrirem as janelas.
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