quinta-feira, 23 de maio de 2019
A Melhor Crônica
Tinha conseguido. Havia escrito a melhor Crônica da lingua portuguesa. Sentia algo por dentro do peito, uma espécie de sentimento de vencedor. Como tinha escrito à lápis, passou tudo a caneta. Depois, passou tudo para a máquina de escrever. E depois disso, passou tudo para o computador pessoal.
Finalmente conseguiu. Ele, que a tanto tempo tentava compor uma croniquinha. Nunca conseguia. Sempre saia um poema. A primeira vez que tentou, o cachorro comeu o papel. Não o papel puro. Juquinha, seu primo levado, tinha colocado no papel mel com café. Como Juquinha tinha apenas cinco anos, foi perdoado.
Agora ele estava contemplando sua crônica no seu caderno escolar. Ele seria o novo Fernando Veríssimo. Seria o mais novo consagrado Rubem Braga.
Foi dormir feliz da vida. Sabia que a professora iria dar dez por sua obra prima. O que ele não contou, foi com o atraso do relógio. No corre corre, esqueceu-se de por o caderno com a crônica escrita. Tomou zero.
Chegou em casa, sentou na frente do computador, leu a crônica do começo ao fim.
A mão perguntou :
- Por que estas cabisbaixo filho?
- Nada não mãe. É que a melhor Crônica a gente nunca esquece...
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