sábado, 17 de fevereiro de 2018

DEFEITOS



Ligas de aços que vem o sol
pulsante luz, noites,
pequenas borboletas,
sementes de cacau,
imensos lençóis em
forma de nuvens e baleias.

Quantos mares vi?
Casas, tumbas, paraísos
perdidos, quantos escritores
eu li? Quantos defeitos em
forma de ferrugem fui trazendo
com o meu peito inchado de
navalha enferrujada?

Olhando as coisas que
não fazem sentido,
todas as filosofias,
lendo de noite na luz
da lampada Spinoza,
digladiando com Marx e suas luzes inumeráveis,
recitando a oração ensinada pelo Cristo,
levando na alma cheia de cacos Kafka, Neruda, Suassuna.

E onde foram? 
O trem da morte levando as coisas
com pedaços de chocolate no meio das rodas.
Nenhuma cachalote zomba, 
nem árvores, nem as folhas que caíram no chão
chorando suas raízes mortas pelo tempo camuflado de neve.

Onde vai levando essas coisas?
Roupas, dinheiro, papéis, 
governos se vão como a babilônia, não deixam rastros,
cativos choram suas lágrimas de saudade com pequenos espelhos.

E onde deixei o espinafre? E o amor?
Aonde foi quando as palavras do dicionário
rugem como tigres dentro do Egito pardo?
E o amor? Até isso foi um dos defeitos escolhidos. 

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