Se te vejo
na penumbra do campo
chorando chuvas e ventos
sei que não é o momento
para dizer-te espelhos
de morte, serpentes,
caranguejos de luas.
Quando o campo
se silencia pela janela
e a noite rota adentra
o meu coração em
forma de dois olhos
posso mirar distante
entre mim e ti uma
linda silhueta em
forma de felina branca
espreitando as estrelas
para atacá-las nas sombras.
Ai, se te vejo,
com teus seios de esporas,
tuas nádegas imensas
cortando os meus lábios
como duas espadas antigas,
posso começar a cantar,
chorar versos com arrogância,
mas não irei te conquistar
porque és indomável cavala,
a mais bela das potrancas.
Não és noite, nem és dia,
quando te vejo escondida
pela janela aberta de sombras
sei que o teu nome ficou
entre o abismo e as papelarias.
Não és cigana, nem judia,
não és oriente, nem ocidente,
teu nome, tua forma, teu rosto
luzes e labaredas de fogo me
queimam.
Posso te ver pelas nuvens
quando o sol empalidece o céu
e tudo se torna azul como o litoral
em forma de onda ou uva sedosa.
E em todas essas coisas
restou-me o silencio de aqui
acampar e te acompanhar
com um alfabeto agreste
para que saibas que o céu
são os teus lábios nos meus.
Para que saibas que és
a bandeira branca do meu amor.
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