quarta-feira, 13 de agosto de 2025

o gaúcho judeu da academia

ele monta palavras como quem doma um cavalo bravo

as rédeas firmes, o olhar longe

— mas o galope é para dentro.


no pampa e na página,

sabe que o vento conta histórias

se o ouvido tiver paciência.


judeu de bagagem antiga,

traz na mala o deserto e a tora da lei,

mas planta milho no papel

e colhe centauros, esfinges, tigres falantes.


a prosa dele é faca e oração,

corta a carne da realidade

para mostrar o sonho escondido.


o gaúcho judeu da academia

cavalga entre a tradição e o delírio,

entre o mate e o midrash,

entre o silêncio do campo

e o rugido das fábulas.


ler moacyr scliar é atravessar um rio

que reflete dois céus:

o do sul e o de jerusalém.



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