ele monta palavras como quem doma um cavalo bravo
as rédeas firmes, o olhar longe
— mas o galope é para dentro.
no pampa e na página,
sabe que o vento conta histórias
se o ouvido tiver paciência.
judeu de bagagem antiga,
traz na mala o deserto e a tora da lei,
mas planta milho no papel
e colhe centauros, esfinges, tigres falantes.
a prosa dele é faca e oração,
corta a carne da realidade
para mostrar o sonho escondido.
o gaúcho judeu da academia
cavalga entre a tradição e o delírio,
entre o mate e o midrash,
entre o silêncio do campo
e o rugido das fábulas.
ler moacyr scliar é atravessar um rio
que reflete dois céus:
o do sul e o de jerusalém.
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