terça-feira, 5 de agosto de 2025

MAIAKÓVSKY


Entre o vapor das usinas,

ele marchava —

com a testa feita de relâmpagos

e a língua de aço forjado.


Maiakóvsky —

não nome,

mas sirene.

Não homem,

mas locomotiva

que rasga a alma russa

como trilho sobre tundra.


Seus versos?

Granadas líricas.

Estrelas vermelhas

saltando dos lábios

como fagulhas em Moscou.


O futuro o escutava.

As máquinas — em silêncio.

Os operários — em pé.

A Revolução — em febre.


E ele,

como se soprasse o próprio universo

com pulmões de carbono e trovão,

escrevia na parede do tempo:

"A poesia é um dever elétrico."


Oh, Maiakóvsky,

companheiro dos ventos incendiários,

teu suicídio não foi um fim,

mas um clarão —

último disparo contra o tédio.


Ainda te ouço nas antenas,

nos trilhos,

nos motores de aviões noturnos.

Teu coração bate

no peito das cidades.


E tua sombra —

firme como torre de rádio —

se inclina sobre o século

com a fúria amorosa

de quem gritou o impossível

e foi ouvido

pela eternidade.



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