Nos bares que vi
se não árvores, gente morta,
folhas embriagadas e tristes
vozes de canções melancólicas
e sombrias? que vi, se não
ruas asfaltadas, cães com sarnas,
risos infelizes e contrabandos?
Que vi se não a chuva
escorrendo pelo telhado?
vi apenas o dia se apagando
transformando-se em noite.
Vi estrelas, vi a máscara
do tédio, vi a beleza feminina
e noturna. Vi o nada e vi
garrafas, porções, mesas e frio.
Que fazias aí, ouço a mim mesmo
perguntando, pelicano narigudo?
Faço, respondo a mim mesmo
o que ninguém pode fazer por mim:
contemplo em silêncio todas as
coisas que me rodeiam só para
cantá-las, só para expô-las,
aprendendo que o dia e a noite
são a face viva da mesma moeda.
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