quarta-feira, 15 de junho de 2016

Balada para o menino mudo



Dos seus olhinhos brotam pequenos
passarinhos que voam sem rumo
para os teus cabelos 
de menino mudo.

Tu que olhas o universo
com tua voz própria,
depois chora, chora,
lágrimas em forma de
caracóis dourados.

E eu te olho do outro
lado, parado e sério,
como uma estátua.

Eu vejo tuas mãos
apalpando, apalpando,
mais não és cego porque
s as nuvens e o céu azul.

Apenas te falta a voz
para apontar o nome
daquelas aves e soletrá-las
para as árvores,

que tu, como eu ou ela,
sabe tão bem o que é.

Não te falta verdade,
não te falta alegria,
não te falta amor,
não te falta caridade.

Não durma com lagriminhas
no seu rosto de girassol escarlate.]

Canta comigo essa
balada
mesmo sem voz,
mesmo sem alma.

Inventemos um novo
alfabeto, 
um alfabeto invísivel.

Criaremos um novo mundo,
tu e eu, menino mudo.

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