Chegam com o sorriso branco,
polido como prata roubada,
com a mão estendida
e a outra mão cheia de pólvora.
Trazem promessas como bandeiras,
dobradas sobre cadáveres,
e chamam isso de paz.
Vendemos café, sangue e cobre,
eles compram tudo com moedas
cunhadas no suor das minas
que eles mesmos drenaram.
Chamam-nos de irmãos,
mas vigiam nossas portas,
contam nossos passos,
e colocam seu nome sobre nossas águas
como quem marca gado.
Erguem estátuas da liberdade
enquanto acorrentam povos
sob tratados invisíveis.
O perfume de suas palavras
não encobre o cheiro de óleo,
nem o fedor das guerras que semeiam
com luvas de seda.
Nós, filhos da terra,
escutamos o tambor dos Andes,
o rugido do Amazonas,
o grito das favelas.
Sabemos que a decadência deles
é feita de ouro sujo,
e que um império apodrece
começando pelo coração.
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