terça-feira, 25 de março de 2025

carta digna de charles baudelaire para uma pequena oriental do outro lado do planeta terra

 veja esse sonho

em cima daquela bandeja de prata:

é o meu amor espatifado, rachado,

jogado em cacos cubistas para o

lado.


escuta: o sol lá fora queima

a minha pele morena,

e eu vejo o mar em forma

de um fauvismo medonho.


entendes, que essa mensagem

é para você, amada minha,

que contou os dias para recitar

minha poesia?


um dia, seus olhos negros quem sabe

irão me guiar nessa escuridão repentina,

ou me abrirão um espelho feito magia

e eu adentrarei o rio antigo da melancolia


nos vales secos dos beijos eternos

que demos em uma esquina

e hoje, recitando apenas um poema

me adormeço sem teu perfume de


mestiça.

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